IBCCrim pede suspensão do novo Código Penal
A primeira parte da audiência pública promovida  nesta quarta-feira (29/8) pelo IBCCrim sobre o novo Código Penal foi  marcada por debates acalorados, provocações e até um manifesto,  que pede a suspensão do anteprojeto elaborado por uma comissão de  juristas. Assinado pelo IBCCrim e pelo Instituto Manoel Pedro Pimentel,  da Faculdade de Direito da USP, o documento diz que o novo ordenamento  foi conduzido de forma açodada, sem consulta à comunidade jurídica.
“Magistrados,  membros do Ministério Público, advogados, delegados de Polícia,  professores de Direito Penal e ciências afins não tiveram tempo para  opinar sobre uma proposta de crimes e penas dirigidas para milhões de  brasileiros”, diz trecho do manifesto.
As entidades reclamam,  ainda, que teria havido pouco tempo para a análise do projeto, o qual  estaria cheio de “vícios”, como a falta de proporcionalidade entre  crimes e penas e uso de linguagem incorreta. “Por todas essas razões  apontadas, torna-se imperioso o imediato sobrestamento do projeto nº  236/2012 para a mais ampla consulta à Nação, à comunidade científica e  aos operadores jurídicos”, finaliza o manifesto, distribuído no 18º  Seminário Internacional de Ciências Criminais do IBCCrim. Nesta  quinta-feira (30/8), o instituto promove a segunda parte da audiência  pública.
O ataque
A mesa que conduziu a audiência foi composta por dois críticos do novo Código Penal, o ex-ministro da Justiça Miguel Reale Júnior e o professor da UFPR, René Dotti. O defensor da proposta de novo ordenamento jurídico foi o relator do projeto e procurador regional da República Luis Carlos dos Santos Gonçalves.
A mesa que conduziu a audiência foi composta por dois críticos do novo Código Penal, o ex-ministro da Justiça Miguel Reale Júnior e o professor da UFPR, René Dotti. O defensor da proposta de novo ordenamento jurídico foi o relator do projeto e procurador regional da República Luis Carlos dos Santos Gonçalves.
Reale Júnior e René Dotti  chamaram o novo Código Penal de "Projeto Sarney" e foram bastante  aplaudidos em suas exposições, inflamadas e contundentes. “Isso fará  vergonha à comunidade jurídica internacional”, afirmou Reale.
O  seu companheiro de mesa e ideias, Rene Dotti, que chegou a fazer parte  da comissão de juristas responsáveis pela elaboração do projeto, falou  por que abandonou o grupo. “Fui a uma das audiências públicas pautadas  pelo interesse da mídia e grupos de pressão, onde nada de concreto pude  fazer”, justificou.
Ele exibiu uma lista com diversos artigos dos  quais pinçou o que seriam, em sua avaliação, erros e aspectos  problemáticos. “Não há no projeto Sarney a cominação da multa, a não ser  em casos excepcionais. É só prisão”, citou como exemplo.
Outro  ponto para o qual ele chamou atenção refere-se aos prazos de prescrição.  “Agora, senhores advogados, a Polícia pode gastar na investigação e o  MP pode gastar em pensar a  denúncia até a véspera da prescrição da pena  em abstrato. Isso é um atraso.”
Dotti também atacou a cláusula  que preserva movimentos sociais do crime de terrorismo. “Essa proposta  de exclusão é claramente inconstitucional”, afirmou, citando o MST. “Por  que não dizer aqui abertamente? O MST tem proposta altamente social sem  dúvida nenhuma. Nada contra o MST como instituição, mas sim quando  comete crime.”
Miguel Reale Junior centrou suas críticas em  aspectos relacionados a questões teóricas do Direito e foi bastante  irônico.  “O projeto liberal propõe aos jornalistas uma pena oito vezes  maior do que propunha a lei de imprensa, que foi considerada um entulho  autoritário”.
A defesa
Em sua exposição, o relator do novo Código Penal, Luis Carlos dos Santos Gonçalves, reconheceu que há falhas no texto. Ele fez um resumo das principais propostas apresentadas. Segundo ele, a adoção do novo Código Penal pode trazer benefícios para cerca de metade dos 471 mil presos no Brasil. “O nosso projeto é descriminalizador e descarcerizador”, declarou. “As maiores críticas que temos recebido é pelo caráter liberal. Vozes que vocês conhecem estão clamando por aumento de penas e redução de benefícios.”
Em sua exposição, o relator do novo Código Penal, Luis Carlos dos Santos Gonçalves, reconheceu que há falhas no texto. Ele fez um resumo das principais propostas apresentadas. Segundo ele, a adoção do novo Código Penal pode trazer benefícios para cerca de metade dos 471 mil presos no Brasil. “O nosso projeto é descriminalizador e descarcerizador”, declarou. “As maiores críticas que temos recebido é pelo caráter liberal. Vozes que vocês conhecem estão clamando por aumento de penas e redução de benefícios.”
Segundo Gonçalves, o novo CP reduzirá o  número de tipos penais em vigor, que atualmente seriam 661, de acordo  com seus cálculos. Com o novo diploma, esse número cairia para 374, já  contando o Tratado de Roma. Apesar da enxurrada de críticas que e texto  recebeu, o redator levou com bom humor o rótulo de "Projeto Sarney" dado  por seus colegas ao novo Código Penal. “Para nós, é um avanço. Até  outro dia, ele era conhecido como 'Pojeto Cabaré', pois previa a  descriminalização das casas de prostituição”.
Clique aqui para ler o manifesto do IBCCrim.
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